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O colunista Elio Gaspari, da Folha de S. Paulo, afirmou que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode agir para adiar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na ação penal em que ele é acusado de tentativa de golpe de Estado.
Segundo o colunista, há hortes sinais de que Fux vai pedir vistas no processo, que tramita na Primeira Turma, presidida pelo ministro Cristiano Zanin.
Conforme o regimento do STF, um ministro tem até 90 dias para analisar e devolver o processo, que entra na reta final em setembro. Seguindo essa lógica, Fux poderia segurar até dezembro, quando o Judiciário entra em recesso, deixando o caso, assim, para 2026.
Essa, contudo, é apenas uma hipótese, visto que os ministros não adiantam seus votos e posicionamentos. A possibilidade ganha força com a postura que Fux tem adotado até então, defendendo uma linha mais branda no julgamento.
A manobra, se confirmada, adiaria a sentença final, mas, segundo a análise, não seria suficiente para alterar a situação jurídica do ex-mandatário. De acordo com Bergamo, o cenário mais provável é que, mesmo com um pedido de vista por parte de Fux, os demais ministros da turma antecipem seus votos.
Dessa forma, a maioria pela condenação de Bolsonaro já estaria formada, e o resultado do julgamento seria conhecido publicamente, ainda que a proclamação oficial do resultado fosse postergada para o final do ano.
Na prática, a situação de Bolsonaro permaneceria inalterada. Ele, que já se encontra em prisão preventiva, continuaria detido. O pedido de vista apenas adiaria a formalização de uma sentença que a maioria da Corte já teria decidido, sem impacto real no cumprimento da pena ou em sua condição legal imediata.
Politicamente, no entanto, o adiamento beneficia o ex-presidente. Ao prolongar a incerteza sobre seu futuro, ele mantém o campo da direita sem uma definição clara sobre um sucessor para as próximas eleições, analisa a colunista.
Isso impediria que outras lideranças, como o governador Tarcísio de Freitas, se consolidem como alternativas, mantendo o bolsonarismo como força central no debate político.